sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Inculturação - depoimento de uma africana


Lucia chamou Pacience, uma vulontária africana do Camerom, para falar um pouco da inculturação.

Quando eu, africana, ouço falar de "cultura", lembro-me de como a colonização forçou-nos a suprimir a nossa própria cultura, em favor de uma cultura ocidental, dita pelos colonizadores como uma “cultura cristã”. Por isso, sempre vem um pouco de medo que aconteça no Movimento dos Focolares a mesma coisa. Digo isso porque, algumas vezes, temos entre nós aqueles que dizem que no movimento não se faz assim, não se pode fazer desse modo, enfim, que devemos colocar as nossas tradições de lado. Entendo que temos que purificar nossa cultura, mas não substituí-la. Falo isso para que todos nós sempre tenhamos um cuidado com essa questão. Sei que temos pessoas intelectuais no movimento que pensam e refletem sobre estas realidades. Cito um exemplo: eu não devo colocar luto porque sou cristã, mas tenho medo de passar uma idéia de não sinto o luto... Algumas vezes nem nós nos entendemos. Temos sempre o receio de não estar fazendo as coisas direito. Eu sou desapegada da família, e não sei o que fazer.

Alba foi muito clara: essa nossa cultura nova do Movimento dos Focolares passa por cada um de nós, que faz este esforço, essa cultura nova é esta luz que ilumina a minha cultura, e purifica daquilo que deve cair, mas purifica aquilo que deve ficar. A cultura da Europa sempre foi como um rolo compressor, que infelizmente ocorre assim. Chiara dizia que quando contamos uma experiência não precisamos repetir as palavras, ou o modo de dizer dos outros, mas a essência da mensagem. Chiara pensava uma cultura nova, e Jesus nos ensina a nos anularmos para que a luz do Ideal chegue à humanidade e a humanidade possa assimilar esta cultura. O esplêndido de tudo isso é levar ao cumprimento a própria a cultura, pegar os valores essenciais das culturas dos povos, inclusive da própria África.

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